[Resenha] Tartarugas até lá embaixo - John Green!

Título: Tartarugas até lá embaixo

Autor: John Green

Editora: Intrínseca

Resenha: 'Tartarugas até lá embaixo' vai nos contar a história de Aza Holmes, que desde muito cedo sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Aza vive desde muito tempo presa ao seu mundo. Um mundo cheio de incertezas, insegurança, medos, riscos e cheia deles: os malditos micróbios! Assim, tudo o que não tenha a ver com manter seu corpo longe dos microrganismos que podem lhe fazer mal, são desinteressantes e sem prioridades para ela.


Sua vida dá uma movimentada quando ela e sua amiga, Daisy, ficam sabendo pelos noticiários do desaparecimento do bilionário Russel Pickett, pai de um ex-amigo de infância dela, Davis. No meio de todo burburinho acerca do desaparecimento do magnata surge a proposta que deixa Daisy enlouquecida: "Estão oferecendo cem mil dólares para quem achar o desaparecido". Claro que sua amiga, destemida do jeito que é, a convence de embarcar nessa saga em busca dessa recompensa.

Agora as amigas tem uma missão, ir à mansão dos Pickett e tentar através de Davis, descobrir alguma pista. Davis por sua vez é um garoto honesto, sentimental, inteligente, um ótimo irmão mais velho e um verdadeiro apaixonado por astronomia, mas que em contrapartida, possui suas cargas emocionais afloradas. Ele, assim como Aza, são dotados de crises existenciais.

Davis e Aza descobrem muito mais nesse reencontro do que ousaram imaginar, redescobrem o quanto se gostam e se completam. Assim, temos um desenrolar extremamente movimentado onde temos de um lado, um casal querendo se encontrar e juntos, partilhar dessa dor. E do outro, um mistério acerca do desaparecimento de um homem que simplesmente sumiu para não se entender com a justiça e deixou dois filhos abandonados. E embora haja esse mistério como pano de fundo, todos os dramas são voltados para a mente de Aza.

Assim, durante todo o desenrolar somos levados para dentro da cabeça da garota, que sofrendo os reflexos de uma doença que não a deixa em paz, sofre também por não ter o controle das suas ações e por não ter seus desejos concretizados - porque na maior parte do dia é a sua doença que decide o que ela tem que fazer e não fazer. Assim Aza vive o dia inteiro temendo que possa ser infectada por uma bactéria e isso a faz não querer ter muito contato com nada, nem ninguém... Nos proporcionando uma viagem extremante desesperadora pelo universo da mente da garota que luta para impor suas vontades, mas se vê enclausurada em seus próprios pensamentos. A mente de Aza é uma espécie de espiral dentro da sua própria cabeça e quanto mais ela pensa em fazer as coisas certas, seu subconsciente grita mais alto e diz que não!

O final ficou bem interessante, não esperava aquele desfecho para o pai de Davis, mas o desfecho do casal sim. As histórias do Green já deixaram muito claro que ele não é muito adepto dos finais felizes (haha!). Embora nada de muito ruim tenha ocorrido, a gente sempre espera que as coisas terminem mais felizes do que terminam.

Não poderia deixar de falar o quanto a história ficou dinâmica pela presença constante da Dayse, que sempre bem-humorada, debochada e irônica, contribuiu para que a trama tivesse essa pegada divertida e sagaz. Achei que foi uma personagem secundária extremamente bem construída e aproveitada.

John que já é famoso por seus romances improváveis e finais inesperados, mais uma vez nos trouxe uma história reflexiva e com uma grande carga emocional. Já falei algumas vezes, mas não gostaria de deixar de ressaltar o quanto eu acho John Green um autor inteligentíssimo. Suas analogias são incríveis! O fato dele usar de coisas simples para nos explicar coisas grandiosas são cartadas dignas de mestres. A forma como ele consegue tirar significado e reflexão de coisas que aparentemente a gente olha e não vê nada, são apreciáveis demais. Nos mostra, de fato, que tudo nessa vida é uma questão de olhar com o coração, é tudo questão de ponto de vista e de querer olhar além das coisas.

'Tartarugas até lá embaixo' é uma história sobre a busca de identidade, reencontros, do valor da amizade, de confiança... Num enredo cheio de reflexões, tomada de decisões e personagens empáticos. Um fato muito interessante é que a gente lê esse livro sentindo o autor nos abrir o coração, porque para quem não sabe, ele sofre do mesmo problema da protagonista e achei corajoso da parte dele escrever sobre algo que o atormenta. Isso nos passa uma ideia confiança – para com seus leitores - e eu achei incrível.

O livro cumpre seu papel. A mensagem que o autor quis passar foi de fato passada e de forma honrosa. Mas não é o melhor livro do John Green. Como também não é o pior.
Super recomendo.

4 comentários:

  1. Oie!
    Concordo com sua afirmação de que o John é muito inteligente e suas analogias são sempre muito bem feitas e colocadas. Particularmente é um de meus autores favoritos e eu fiquei muito satisfeita com a leitura desse livro! Acho que esse livro é uma opção mais "séria" se compararmos aos livros anteriores dele :)
    Adorei a resenha!
    Beijos,
    http://ofantasmaliterario.blogspot.com.br

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  2. Adoro a escrita do Green. Dele, já li A culpa é das estrelas e Quem é você Alasca e curti ambas leituras. Pode soar estranho, mas gosto de finais infelizes kkkk dá um ar mais realista para leitura, e pelo visto, como você citou, essa obra não foge muito dessa mania do John Green né? ahahha

    www.estupefaca.com.br

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  3. Adoro a escrita do Green. Dele, já li A culpa é das estrelas e Quem é você Alasca e curti ambas leituras. Pode soar estranho, mas gosto de finais infelizes kkkk dá um ar mais realista para leitura, e pelo visto, como você citou, essa obra não foge muito dessa mania do John Green né? ahahha

    www.estupefaca.com.br

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  4. Oi Thay!
    Eu adoro o John Green! Tenho o Tartarugas mas ainda não li, não sei bem se vou gostar tanto qnt gosto de ACEDE... Mas sempre vale a pena ler suas obras!
    Bjs
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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