[Resenha] A Garota no Trem!

[Resenha] A Garota no Trem!

Título: A Garota no Trem

Autora: Paula Hawkins

Editora: Editora Record

Resenha: Rachel é uma mulher que se sente solitária e após a separação do seu marido, ela intensificou seu problema com o álcool. O alcoolismo acarretou em sua vida alguns problemas como a perda do seu emprego e também foi um motivo forte dentre os quais levou seu relacionamento ao divórcio.

Mora em um quarto na casa da sua amiga Cathy que se preocupa com seus problemas e não sabe que Rachel perdeu o emprego por causa da bebida. Por sua vez, Rachel, para não admitir que em breve não terá mais como pagar o aluguel e por vergonha de contar a que ponto a sua bebedeira chegou, sai todos os dias para passar o dia em Londres, simulando suas idas e vindas ao trabalho.

Todos os dias ela faz o mesmo caminho, sai no trem das 8h04 e volta no das 17h56. Nesse trajeto ela acaba se familiarizando em observar a vida de um casal que reside às margens da linha férrea e é quando o trem para em um sinal que lhe permite ver melhor a casa de número 15. Isso se torna rotina na vida da moça que resolveu apelidar o casal de Jess e Jason. Era reconfortante para ela estudar a vida do casal, que ora estavam felizes no jardim, ora estavam passeando pela casa, sempre vivendo momentos dos quais ela invejava e sentia falta de vivê-los com Tom, seu ex-marido – que reside na casa 23 da mesma rua, que até a separação era também dela, mas que agora vive com Anna, sua atual esposa. Eles tinham a vida que ela queria ter, eles eram felizes, pelo menos é o que ela imaginava.

Nessa itinerante rotina, na medida com que os dias passam, ela vai captando mais do casal que mostra ter sido feitos um para o outro, até o dia em que ao pegar o trem das 8h04, ela presencia uma cena que lhe chama atenção e que pode ser muito grave, seguida de dias em que ela nota a ausência deles durante a sua passagem. No entanto, em pouco tempo descobre através dos jornais que Jess – na verdade, Megan – e esposa de Jason – na verdade Scott, está desaparecida.

Apreensiva com o desenrolar dos novos acontecimentos e inquieta por ter visto cenas comprometedoras no dia anterior, Rachel decide ir a delegacia contar o que viu, alegando que tem informações importantes para desvendar o caso. E é a partir daí que vamos vendo um quebra-cabeças assustador e gigantesco tentando ser moldado com as novas peças que nunca se encaixam.

Com uma narrativa intercalada entre os pontos de vista de Rachel, Megan e Anna, a trama se desenrola cheia de reviravoltas, descobertas e surpresas. De início ficamos nos perguntando por que a narração é feita pelas três mulheres e qual a ligação entre elas, mas com o desenrolar vamos conseguindo juntar as peças que as tornam inevitavelmente ligadas uma à outra. Percebemos também o quanto Rachel, que aparentemente não tinha ligação nenhuma com aquela família, se enrosca numa teia que a torna peça fundamental para as descobertas, numa história de traições, mentiras, rancor, perseguição e morte, que ela mesma decidiu fazer parte, descobrindo que tem mais a ver com tudo aquilo, do que ousava imaginar.

A trama se desenrola de forma curiosa e quanto mais conhecemos a história dos personagens, menos chegamos à uma conclusão. A participação de todos os personagens foi muito importante, desde o psicólogo de Megan, Kamal... ao seu marido Scott - contando como era a relação deles. Desde Anna, uma mulher contraditória, que a gente nunca sabia quando ela estava sendo verdadeira ou não, quando parecia acreditar no que vivia e quando estava apenas na defensiva... à Tom, que sempre procurou deixar Rachel longe da sua mulher e sua filha, temendo que por ser alcoólatra, poderia fazer algum mal para sua família, uma vez que ela nunca aceitou o término da relação.

Com um enredo movimentado pelas conseqüências do alcoolismo de Rachel que nunca lembrava o que fez no dia anterior, temos capítulos de muitos flashbacks e (re) descobertas que torna Rachel mais envolvida no desaparecimento de Megan do que parece, mas que quando você vai ganhando mais convicção do desfecho, a autora te distancia do que você acredita.

Paula Hawkins não fica em nada atrás de Gillian Flynn, é uma autora que assim como Flynn, sabe prender o leitor e brincar com a nossa mente, através de personagens muito bem elaborados, criados pra testar o nosso lado detetive, enquanto ela tenta provar que há a sanidade em alguns deles... Resta-se saber em quem.

PS. E para fazer a felicidade de quem gostou do livro (a minha, inclusive), A Garota no Trem vai ganhar as telinhas. Segue o trailer: