[Resenha] 27 Dias - Alison Gervais!

[Resenha] 27 Dias - Alison Gervais!

Título: 27 Dias

Autora: Alison Gervais

Editora: Faro Editorial

Resenha: Narrado em primeira pessoa por Hadley, “27 Dias” tem início quando a adolescente ao chegar na escola percebe um clima diferente pelos corredores e é ao entrar na sala de aula que sua professora comunica a turma que um dos estudantes cometeu suicídio na noite anterior!

Quando um dos alunos pergunta quem foi e o nome Archer Morales é pronunciado, Hadley fica chocada ao lembrar que o conhecia do Inglês para Calouros e em seu devaneio ela passeou por muitos dos momentos em que eles se cruzaram e um sentimento de tristeza a invadiu, o sentimento foi de que uma parte dela mesma estava faltando.

Intrigada com essa sensação que surgiu, ela decide ir ao enterro do garoto. Lá, ela começa refletir sobre o que o teria levado a fazer algo assim e vai identificando, rosto por rosto, quem deveria ser cada pessoa da família dele, sofrendo à sua maneira. Fazendo-a sofrer junto.

Na saída da catedral, uma voz é direcionada a ela. Ao se virar nota a figura de um homem com olhos profundos e maçãs do rosto ocas. E assustadoramente a figura se apresenta como a Morte, que lhe designou para uma tarefa: Hadley acabara de ganhar a chance de voltar no tempo e em 27 dias, terá que tentar convencer Archer a não cometer suicídio. Depois de uma longa conversa a garota aceita e um contrato lhe é dado para assinar, com uma informação importante lhe passada: se ela não conseguir cumprir o trato, quem sofrerá as consequências é ela.

Tudo parecia muito confuso, mas muito fácil na cabeça dela... até lembrar que ela não sabia nada a respeito do garoto e eles tampouco eram próximos. Como ela faria isso?

No seu próximo dia na escola a garota já percebe que tudo mudou, tudo voltou 27 dias e agora existe uma contagem regressiva no seu braço lhe lembrando de quanto tempo ainda lhe resta para conseguir entender o caos e as motivações que levou Archer a cometer algo tão trágico e tentar mudar o passado dele.

Ao encontra-lo a primeira vez na escola, a garota já percebe que terá uma tarefa árdua pela frente, pois Archer não faz questão de estar perto de ninguém, tem um temperamento difícil e ao cruzar com ela, mostrou que faz questão de mantê-la longe. Muito fechado em seu mundinho, tem dificuldade de confiar nas boas intenções das pessoas, dificuldade de se abrir e dar chances a novas amizades. Mas Hadley não desiste e durante uma ida a cafeteria da família dele, a garota é bem recebida e depois de conquistar a simpatia de todos, encontra neles o que ela precisa para juntar as peças sobre o que poderia ter acontecido. Ao passo que a garota vai tentando também de todas as formas conquistar a confiança de Archer e mostrar que ela estava ali – de verdade – porque gostava da presença dele e que ele poderia considera-la uma amiga.

O que vai sendo criado a partir daí é muito bacana de acompanhar. A garota que até então tinha se aproximado do garoto só pelo trato, encontrou nos seus encontros com ele, coisas que nem ela sabia que estava procurando. Encontrou acalento para sua própria solidão, passou a valorizar mais a presença, a se deliciar com coisas pequenas, a sentir com a família de Archer, coisas que a sua nunca havia lhe proporcionado e na sua relação com ele, sua autodescoberta e um novo amor.

Foi o meu primeiro contato com a autora, que já me ganhou nas primeiras linhas. Enredo criativo, tocante e muito gostoso de ler!

Um livro sobre um tema intenso e difícil como suicídio, além de sentimentos como solidão, insegurança, fardos, traumas, medos, mágoas... mas também sobre família, amizade, empatia, novas chances, afeto, sensibilidade e confiança. O tema suicídio já é um tema difícil e doloroso por si só, mas a autora soube coloca-lo numa atmosfera mais delicada e cuidadosa de acompanhar e o mais importante, sem parecer superficial ou romantizado... ou seja, tudo incrivelmente real, humano, mas sem deixar a leitura pesada! Em situações empáticas nos mostrou o quanto às vezes, a gente só precisa de uma mão estendida e de alguém que nos olhe como gostaríamos de ser vistos.